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sábado, 3 de abril de 2010

A menina que matou Papai Noel

Era véspera de natal. Eu estava tão animada que podia gritar de alegria. Mal podia esperar para ver meus presentes na manhã seguinte. Estava nevando muito, o que me deixava mais feliz ainda. Eu adorava a neve, era linda e branca, como eu, dizia meu pai. No dia seguinte eu e meus pais faríamos uma divertida guerra de bolas de neve e, quando meus dedinhos do pé ficassem congelados, minha mãe prepararia um delicioso banho de banheira bem quente para mim. Eram assim todos os natais. Era o dia mais feliz do ano. O dia em que meus pais deixavam o trabalho de lado e ficávamos só nós três.
Estávamos jantando quando a campainha tocou.
"blim blom"
Minha mãe foi atender. Quando voltou à mesa, trazia consigo uma pequena menina. Sua pele era tão branca quanto a neve, ainda mais branca que a minha, quase azulada. Seus cabelos eram lisos e negros, escorriam até dois palmos abaixo do seu ombro. Ela estava séria, seu rosto era lindo, mas era meio assustador. Tive um pressentimento ruim sobre ela.
- Nell, Tim, esta é Naomi. Ela vai passar a noite e o natal conosco. – disse minha mãe.
- Olá Naomi, é um prazer conhecê-la. – disse meu pai, enquanto a menina apenas encarava-o, sem expressão – Caroline, podemos conversar?
- Claro. Naomi, sente-se ao lado de Nell, coma um pouco.
Minha mãe foi para a cozinha com meu pai. Naomi sentou-se ao meu lado e ficou apenas me encarando.
Meu dia perfeito fora arruinado por uma garotinha estranha.
Quando meus pais voltaram, meu pai estava mais caloroso do que o de costume. Tratava a menina como se ela fosse filha dele também. Olhei para minha mãe como quem pergunta o que está acontecendo, ela apenas balançou a cabeça, depois ela explicaria. Quando terminamos de jantar, ajudei-a a levar os pratos para a cozinha. Chegando lá, finalmente a sós, comecei o interrogatório.
- Quem é ela?
- Ela é órfã e me pediu ajuda. Não podia abandoná-la na véspera do natal.
- Mas mãe! E o nosso dia?
- Qual é o problema em dividi-lo com ela?
- Ela não é da família.
- Vamos adotá-la. Seu pai concordou.
- O quê? – meu mundo desabou – Não estão felizes com a filha que têm?
- Claro que estamos! – ela me abraçou – Amamos você mais que tudo querida, isso nunca mudará!
- Se adotá-la – saí do laço de seus braços – fujo de casa. Não volto nunca mais. – ameacei.
- Anellise, você já tem 10 anos, não haja como se tivesse 5! – rugiu ela.
- Eu odeio você! – gritei em resposta.
- Nell, - ela se acalmou – e o espírito natalino?
Saí da cozinha sem nada dizer.
Antes de dormir, vimos um filme natalino e tomamos chocolate quente, como fazíamos em toda véspera de natal. Na hora de dormir, minha mãe me mandou emprestar uma de minhas camisolas a Naomi. Ela dormiu no quarto de hóspedes.
No meio da noite, ouvi um barulho. Saí do aconchego da minha cama e desci as escadas, indo em direção à sala. Ajoelhado ao pé do pinheiro colorido, o velhinho gorducho, usando uma simpática roupa vermelha, tirava gloriosos presentes de seu grande saco de veludo. Olhei para o prato cheio de migalhas e o copo sujo de leite sobre a lareira apagada.
- Papai Noel? – chamei.
Ele virou-se para me olhar, sorridente. De repente, Naomi apareceu atrás dele, puxando com força sua cabeça para baixo e cortou-a fora. O sangue grudento espirrou por tudo enquanto o corpo decapitado caía ao chão. Ela voltou seus olhos cruelmente satisfeitos para mim, seu rosto era vazio e sem expressão como antes.
Subi as escadas correndo e gritando “A menina matou o Papai Noel!”.
Abri meus olhos.
Eu estava suando frio e eu tremia muito. Fora um pesadelo terrível. Como o de costume, levantei-me para ir ao quarto de meus pais. Sempre que tinha pesadelos dormia com eles. Na ponta dos pés, andei pelo longo corredor escuro.
Chegando lá, pensei que ainda estivesse no pesadelo. Meu pai estava decapitado na cama, sua cabeça estava ao chão. Minha mãe estava atirada ao chão, sua cabeça ainda rolando. Ao soltar um grito estridente, avistei Naomi correndo em minha direção com uma faca na mão.
Fugi dela, correndo desesperadamente pelo corredor.
Mas eu fui pega pela menina que matou Papai Noel.

By Micha!

quarta-feira, 31 de março de 2010

A dama da noite


Era uma noite muito fria, a neve estava presente em todas as ruas da cidade.

Em um bar, tarde da noite, três amigos bebiam alegremente. Eles tomavam rum e jogavam conversa fora.

- Assim que chegar em casa, - começou um deles - vou acordar minha mulher e vou montar nela, vamos transar até o dia clarear.

- Cale a boca Alfred, isso não é coisa que se fale. - disse outro rapaz.

- John, por favor, você não trepa com sua esposa? - perguntou o homem.

- É claro que sim, vamos mudar de assunto, Alfred, Demetri, por favor, creio que não nos levará a nada. - pediu John.

E após beberem mais um pouco, decidiram ir embora. Andavam tropeçando em suas próprias pernas, de quão bêbados estavam. Assim que se aproximaram de um beco escuro, avistaram uma figura encolhida, usava uma capa preta com capuz, não dava para distinguir uma forma.

- Esperem aí rapazes. - gritou Alfred, aproximando-se da figura - Vejam só, é uma prostituta!

- Vamos logo embora. - pediu John.

- Ei, acalmem-se, primeiro vamos dar um trato nessa belezinha. - disse Demetri.

A mulher nada falou, nem sequer moveu-se um milímetro. Assim, Alfred e Demetri jogaram a mulher no chão, enquanto Alfred segurava ps braços da mulher, que agora se debatia brutalmente na neve, Demetri abria as pernas dela. Abriu o feicho da sua calça e a violentou. Ela gemia e gritava de dor.

Quando Demetri terminou, trocou de lugar com Alfred, esse que por fim deixou a mulher em um estado deplorável.

John não conseguiu assistir a toda aquela brutalidade, andou até a praça e lá permaneceu.

"Agora que vocês já se divertiram é a minha vez", pensou aquela mulher. Assim que Alfred e Demetri ficaram de costas para a mulher, ela se levantou num salto, sem fazer nenhum barulho.

Sua pele branca estava perfeita novamente, seus olhos estavam vermelhos, seus cabelos chicoteavam o ar, sentiu seus dentes tilintarem.

- Aonde vão nobres cavalheiros? - perguntou em uma voz hipnotizadora.

- C-comoo? - as vozes saíram num sussurro.

- Vocês de divertiram bastante com meu corpo? - perguntou ela, e abriu novamente o capuz, mostrando seu corpo totalmente nu.

- Sim. - responderam.

- Pois então, agora é a minha vez, vou me divertir com vocês, - disse agachando-se como uma felina - não vai doer nada, eu prometo.

Ela avançou, pegou primeiro Alfred, puxou-o pela camisa, acariciou seu pescoço e cravou seus dentes ali, sugou todo o sangue, sem deixar uma gosta sequer. Fes a mesma coisa com Demetri.

John estranhou a demora e resolveu voltar.

Assim que encontrou os corpos caídos, sem vida, na neve, voltou-se para a figura preta.

- Quem afinal é você? - perguntou John.

- Sugiro que você vá embora. - disse ela.

- Me responda. - pediu.

- Sou a dama da noite, mas se você não for embora agora, vai fazer companhia para eles. - e apontou para os dois corpos.

- Maldita dama da noite. - e assim ele saiu do beco, rumo a sua casa.

A dama da noite no seu lugar permaneceu a espera de mais uma vítima.

"Quem venham", pensou ela, "Enfim será só mais um..."


By Gisa =]

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Estranho



Pedras frias cobriam a abandonada cidade noturna, com suas luzes falhas e insistentes que recebiam o auxílio de uma amiga natural de todas as noites de utilidade. Nos momentos em que as nuvens retiravam a pouca luz, o esforço dobrava, o passo aumentava.
Estava ficando tarde....
Ele perambulava pelas ruas desertas de uma cidade vencida pela inconsciência. Na calada da noite percorria com os olhos cada canto escuro, vasculhando algo, ou alguém, quem pode saber?
Cada passo com seus sonoros resmungos marcavam pegadas sobre fatos. Pequenas gotas escorriam, pequenas marcas eram deixadas para trás, como um passado. Um passado que ele queria deixar.
Em seus olhos, um mistério a ser desvendado. Sombras o encobriam com espreitas aos seus motivos. Sombras na calada da noite?
Não, ele não tinha sombra.
A falta de iluminação poderia ser apenas uma desculpa de sua própria sombra.
E ele andava. Percorria as largas ruas de pedra, percorria em sua busca insistente.
A cada passo, as luzes piscavam e, ao caminho indefinido, janelas se fechavam, cortinas espiavam e olhares se alarmavam.
Ele estava passando.
“Ele quem?”, pergunta a voz.
“O estranho”, responde a outra voz.
“Sabe o que ele quer?”, pergunta a voz temerosa.
“Ninguém sabe o que não se pode saber”, respondeu a outra, “É apenas ele, feche a porta, mude o disco”.
Os passos pareceram aumentar. Teria o estranho encontrado o que procurava?
Não, não encontrou.
“Mas olhe!”, alertou uma das vozes, “Ele parou!”
A cidade suspirou em silêncio. A imagem obscura parou no meio da rua e, após olhar rapidamente para a lua, olhou envolta. Durante poucos segundos, agora passados, tudo e nada se passou além do vento. Ele continuou a andar.
Mais alguns passos, e a voz gritou.
“Pare, não faça isso!”, ela implorou.
“Eu devo, eu acho”, respondeu confusa a outra voz.
“Eu imploro, não o faça! Não é preciso, saberei viver só!”
“Sua existência atrapalha”, disse impiedosa outra voz.
Uma placa podia ser vista ao longe, pouco iluminada por uma luz que insistia em viver. Seu revestimento de madeira de carvalho parecia velha e gasta pela idade. Teria ela histórias a contar?
Mais alguns passos. Novamente, ele parou. Não agora no centro da rua.
Agora, ele estava frente à placa.
Uma pequena escada lascada levava a uma porta.
“Que será que farei?”
“Que será que faremos com ele?”, pensou a voz antes desesperada.
“Não fará nada!”
“Não pode fazer isso”, reclamou teimosa.
“Não pode me impedir, estranho”.
“Vai matá-lo”, acusou a voz rebelde, “Assim como fez antes”.
“Não me acuse”, disse indignado, “Não fiz aquilo, você o fez! Maldita seja sua face!”
“Funesto aviltado que corre pelas noites atrás da direção da morte, como podes renegar a tua face?”
“Renego tua face assim como renegas tua origem.”.
Latas caíram e rolaram rua abaixo.
“Espiões?”, perguntou.
“O que acha funesto?”, respondeu-lhe com outra pergunta, “Tens medo da morte?”
“Pelo que fizeste, tenho medo do após”.
Um pequeno gato preto se espreguiçou nas pedras gélidas e, após observar rapidamente o estranho, correu rua abaixo gritando por ajuda à calada da noite.
“Até os gatos o temem, funesto”.
“Aparta-te torpe criatura!”, gritou irritado.
O estranho virou-se e subiu os pequenos degraus. Cada passo gritando silêncio ressentido de um passado abandonado. Ele parou frente à porta onde se encontrava uma pequena placa de metal. A observou com tento, procurando por respostas, mas encontrou apenas a face que havia renegado gritando-lhe infâmias.
Dois toques e um suspiro. As mãos correram ao bolso procurando por jeito enquanto a espera o deixava temeroso.
“Daria certo?” perguntou-se.
“Vá embora”, gritou rebelde.
“Cala-te! Não lhe dirigi palavra criatura!”
Os sussurros negros calaram-se e a iluminação fraca de velas chocou-se contra olhos acostumados a escuridão das noites. Os olhos do velho ancião percorreram-lhe temerosos e interrogativos da cabeça aos pés, até então, voltarem receosos aos olhos gastos.
“Que queres peregrino?”, perguntou o ancião.
“Não me reconheces?”, perguntou o estranho, trazendo sua voz, desconhecida pelas frias pedras da rua, ao ouvinte.
“Não importa”, começou o velho “Nada tenho que possas querer além de vida”.
“Não estou atrás de vida, velho”, respondeu-lhe, “Quero as respostas que tens”.
Um passo recuado do velho ancião, um passo para frente do estranho. Uma porta se fecha atrás de uma longa capa preta e um chapéu, deixando as gélidas ruas para o domínio de uma má iluminada noite de inverno.
“Assenta-te peregrino”, apontou o velho para a cadeira velha de madeira.
“Aquieta teu coração velho, e coloca-te a dizer o que tens em mente. Sei o que passa.”, disse o estranho sem receios.
O velho se sentou frente à face estranha e conhecida de tempos do passado.
“Que queres homem? Que posso eu oferecer-te além do que já tens ou do que já o entreguei? O que o perturba?”
“A volta do mesmo incômodo”, respondeu o estranho.
“Desculpe-me filho” disse o velho olhando para baixo “Mas seu tempo na prisão foi bem lhe dado. Sinto lhe informar, mas não conseguirás se livrar de tua maldição psicológica. Estás contra ti mesmo”.
“Nada mais a ser dito do que palavras e vento, velho?”, perguntou o estranho levantando-se.
“Não, o passado e o presente, acabam aqui. O futuro deixo para o amanhecer.”
Nada mais que uma volta e um punho. Mais uma vez, gotas de sangue lhe escorreram pelas mãos até pingar nos pés e deixar rastros. Ali ele havia passado e, mais uma vez, nada conseguira além do que já estava escrito.
O estranho abriu a porta, agora deixando uma alma fria sobre madeira velha, abrindo-se para receber o frio da noite. Não lhe pertencia à presença dos homens, apenas da fraca luz da lua e as gélidas pedras.
“Eu disse que farias novamente”, acusou-lhe a rebelde.
“Cala-te! Não mais direi!”
“Que farás morimbundo?”
“Tirar-lhe-ei o resto de um suspiro”.
“Isso já tem nome, sabia estranho?”
“Sim”, respondeu a voz de comando “Chama-se suicídio, inútil!”
E assim, ele deixou mais ruas gélidas, para percorrer um novo caminho e um novo destino.
Suicídio?
Apenas se não lhe oferecerem cura ou silêncio.