CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Última missão

Não posso deixar de me sentir culpada pelo rumo que a situação tomou. É como se tudo de ruim que acontece comigo e com as pessoas que me cercam fosse culpa minha. É como se eu fosse amaldiçoada pelo destino, fadada a levar a tristeza e a dor à todo lugar onde vou. Determinada a fazer todos sofrerem, inclusive a mim mesma.
Não podia deixar que a desgraça fosse adiante. Não podia deixar que a situação terminasse do mesmo modo que as outras terminaram: em dor e suicídio.
Olhei pela última vez a loira que acabara de se enforcar. Era isso o que acontecia quando nos apaixonávamos pela pessoa errada. Eu fora uma dessas mulheres, mas meu fim fora bem diferente. Era incrível o fato de eu ter sido a única a quem ele não abandonou, a quem ele não magoou tanto a ponto de desejar a morte. Ao invés disso, ele roubou-me o direito de morrer, obrigando-me a viver nas sombras eternamente. Então, eu o deixei.
Acho que ele nunca se conformou, estava acostumado a ser amado e não a amar. Estava acostumado a se aproveitar das mulheres, usando-as para o prazer, bebendo o sangue de sua família, e depois, deixando-as. Desconsoladas e solitárias, todas se mataram, menos eu. Tive a infelicidade de ser escolhida por ele e de ser privada da vida à luz do sol. Fui condenada a viver eternamente e, na eternidade, o tempo nunca passa.
Deixei a casa que fora o palco de mais um homicídio. Andei pela rua banhada pela escuridão da meia noite. Precisava encontrar aquele que fora o amor da minha vida, mas que agora era a pessoa – se é que podia considerá-lo uma pessoa – que eu mais odiava em todo o universo.
Eu não sabia ao certo onde encontrá-lo. Precisava pensar. Onde ele encontrava suas vítimas? Antigamente, 106 anos atrás, ele me encontrou quando eu ia para a costureira. Nunca me esquecerei de como fiquei impressionada com sua beleza surreal. Com o passar dos anos, ele baixou o nível, procurando suas vítimas em bares, boates e casas de strippers.
Corri até a boate mais próxima. Não havia rastro de vampiro lá, então nem entrei para não ter que resistir à tentação do sangue inocente. Fui até o bar mais próximo. Havia um rastro lá e o bar estava quase vazio. Andei em direção ao balcão.
- Olá gatinha. – disse o idiota, atrás do balcão, que certamente não sabia com quem estava lidando – O que deseja? – percebi o duplo sentido em sua pergunta.
- Procuro este homem. – coloquei a foto dele no balcão – Você o viu?
- Ele me perguntou onde ficava a casa de strippers mais próxima. Ele deve estar bem ocupado agora, por que não me deixa distraí-la enquanto ele não volta? – ele pulou por cima do balcão, ficando ao meu lado, e me puxou pela cintura.
- Não, obrigada. Tenho um peixe maior para pescar.
Esquivei-me de sua armadilha e dei-lhe as costas. Eu já sabia onde ficava a casa de strippers mais próxima, então corri a toda a velocidade para lá. Ao entrar, localizei o dono do local. Fui até ele.
- Boa noite. Gostaria de uma entrevista de emprego? Temos vaga para você. – ele me olhou de cima a baixo.
- Não, obrigada. Procuro alguém. – mostrei-lhe a foto.
- Não posso revelar o paradeiro de meus clientes.
Aproximei-me, beijei seu pescoço – o cheiro do sangue deixando-me louca de sede – e sussurrei em seu ouvido.
- Claro que pode. – ele estremeceu.
- Ele foi para o motel aqui ao lado, com Maya. – era muito fácil convencer homens.
- Obrigada.
- Hey, que tal uma audiência privada? – ele sorriu.
- Já disse que não.
Virei as costas e fui ao motel.
O cheiro de vampiro era extremamente forte. Passei despercebida pelo funcionário que olhava uma revista pornográfica e entrei no quarto onde ele estava.
Na cama, a pobre mulher ruiva estava nua e coberta de arranhões sangrentos. A mordida quase destroçara seu pescoço frágil. Ele perdera o controle.
Virei-me e o vi sentado em um canto sombrio no quarto. Ele estava disperso. Como sempre, suspirei com sua magnificência.
- Olá Charles. – saudei. Ele voltou seus olhos rubros para mim.
- Heidi. – ele sorriu.
- Perdeu o controle?
- Não pretendia ficar com esta.
- Não sabia que já havia pretendido ficar com alguma.
Ele se levantou e andou até mim.
- Você foi a única.
- Grande erro seu.
- A vida é feita de erros.
- Estamos mortos.
- Sempre tão amarga.
Charles enlaçou-me pela cintura e selou nossas bocas. Se eu ainda fosse humana, provavelmente sentiria dor. Beijávamos-nos violentamente, a paixão e o ódio fundindo-se e tornando-se apenas o ardor. Senti meu coração apertado em pensar que teria que matá-lo, mas eu não tinha escolha. Seria um grande desperdício, mas precisava acabar com a dor que ele causava.
Só havia suas maneiras de matar um vampiro: Sugar todo o liquido venenoso que corre em suas veias e, então, cravar uma estaca em seu coração; ou expô-lo ao sol e deixá-lo queimar. Como era apenas 1h da madrugada, optei pela primeira alternativa.
Deixei suas mãos ansiosas percorrerem meu corpo e induzi-o até a cama. Com um tapa, ele fez o corpo sem vida de Maya cair ao chão. Ele deitou por cima de mim e começou a tirar minha blusa. Antes de conseguir, inverti as posições. Enquanto beijava-o, abri sua camisa, deixando seu peito musculoso à mostra. Levei meus lábios ao seu pescoço e cravei meus caninos em suas veias. Ele não lutou, deixou que eu terminasse meu trabalho.
Quando terminei de sugar o liquido, puxei a estaca do meu bolso. Dei-lhe um último beijo.
- Amo você. – ele sussurrou, sem forças.
Cravei-lhe a estaca de madeira e o vi dar seu último suspiro. Minha missão estava terminada.
Sentei-me na cadeira onde ele estava e esperei, enquanto observava o corpo drenado do amor da minha vida. Eu ainda o amava, não havia dúvidas, e estava prestes a encontrá-lo, seja lá para onde os vampiros vão ao morrerem.
Às 10h da manhã, o sol estava suficientemente forte. Andei até a janela do quarto, com as persianas ainda fechadas. Lancei um olhar pela última vez para Charles.
- Estou indo encontrá-lo, meu amor. – sussurrei.
Pensei no fogo que me consumiria quando eu deixasse o sol entrar e sorri. Eu merecia toda a dor que sentiria, por ser uma aberração, uma criatura fictícia repugnante. Então, eu abri as persianas.

By Micha! ;**

2 comentários:

# נєѕѕ # disse...

Oh Meus Deus!!!
Trágico!!!
Histórias assim são mais realistas mesmo sendo com personagens fictícios!
respeitei cara..!!
será que consigo chegar a esse nível????
uahsuahuhauha

beeijooo*

The Drama Queen disse...

uahsuahuashuahsu

abobada!! =P